quarta-feira, 24 de junho de 2009

A mosca do Barack Obama

Barack Obama matou uma mosca durante uma entrevista à CNBC na Casa Branca. O assunto foi muito comentado pela mídia nacional e internacional que destacou a agilidade, a coragem e a pontaria perfeita do presidente americano na ação de aniquilar o pobre mosquito que ousou atravessar o seu caminho. O mundo soube e reagiu com espanto: questionou-se principalmente qual o motivo pelo qual o assunto foi tão amplamente divulgado. Em todo o planeta Terra soube-se que Obama matou uma mosca. Entre os comuns mortais as mais diversas reações foram registradas: houve quem encontrasse no fato motivos para admirar o presidente. A grande maioria inteligente optou por ridicularizar os canais de comunicação que deram manchete a um assunto de tão pequena importância. Uma pessoa entre tantas que defendem e amam os animais ousou protestar e registrar formalmente o seu protesto. Foi Bruce Friedrich, o porta voz do grupo PETA de defesa dos direitos dos animais, que declarou o seguinte: “apoiamos a compaixão mesmo em relação aos mais pequenos, estranhos e desagradáveis animais. Cremos que as pessoas, sempre que possam ter compaixão, devem ter, pelos animais.” Com tais palavras o grupo se manifestou formalmente pedindo a Barack Obama que tivesse uma atitude mais humana, da próxima vez que uma mosca se intrometesse no seu caminho.
Durma-se com um barulho desses! Eu que sou defensora dos animais, fiquei muito pensativa com o rumor que se instalou dentro de mim. Não que eu seja muito diferente dos “petas”. Não sou. A minha compaixão pelos animais chega ao cúmulo de salvar do afogamento toda e qualquer formiga que queira compartilhar o banho de chuveiro comigo sem o uso de bóia. Faço tudo o que posso para evitar que a formiga banhista morra afogada. Mas mato barata. Com muita pena do animal, porque sei que tudo o que vive quer viver, corro atrás da barata com um chinelo na mão e se eu levo a melhor, nessa luta de vida ou morte, sei que estou higienizando o planeta. Se ela leva a melhor, também não fico triste porque não gosto de matar nada que tenha vida, mesmo que não seja vida inteligente. Sempre fiz assim e achava que estava tudo bem até Barack Obama inventar de matar uma mosca na frente das câmeras de televisão. A atitude do grupo PETA me deixou embabascada. E agora? Como farei quando uma barata atravessar o meu caminho? Exerço compaixão e deixo que elas se proliferem no meu ninho? E quando os ratos souberem que no meu território existe asilo para todos os roedores da mesma espécie? Também terei que deixar? E se um daqueles roedores estiver infestado com o vírus da leptospirose? São questões a considerar. Que eu considero sabendo que nessa luta só há perdedores.
Na semana passada uma andorinha invadiu a minha varanda e pousou delicadamente no peitoral da sacada. Era uma tarde fria de domingo e a natureza estava triste. A andorinha parecia doente. Esboçou apenas uma leve reação quando a tomei nas mãos. Suas penas estavam se desprendendo do corpo com muita facilidade. Não tinha marcas visíveis de agressão. Sua doença era interna. Seus olhos miúdos se fechavam quando eu a aconchegava contra o peito. Ela toda pedia compaixão e não me neguei a exercê-la. Tremia muito pela temperatura baixa do ambiente e do próprio corpo. Eu a envolvi num pano e a coloquei dentro de uma caixa de sapatos. Mais tarde, depois que os meus gatos estavam presos, a levei para dentro de casa, a fim de evitar que o frio da madrugada a fizesse entrar em hipotermia. Fiz tudo o que pude mas não podia fazer muito. De manhã cedo, ela estava morta. Morreu sem dar um pio. Simplesmente encolheu o corpinho frágil e esperou silenciosamente a chegada da morte, com a coragem passiva dos seres que são mortais. Pensei que quando morrer, quero morrer como aquela andorinha: sem oferecer resistência. A morte é um processo natural na vida. Precisamos aprender a morrer. Eu só não sei quando vou aprender a matar aceitando que está tudo bem. Não está tudo bem. Eu mato, mas sei que tudo o que vive quer viver.

2 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

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