sexta-feira, 21 de setembro de 2007

ELES ESTÃO CHEGANDO.


Eles estão chegando, debaixo da poderosa mão de Deus, que leva e que trás. A essa hora, as crianças ainda dormem no banco traseiro do carro e, daqui a pouco, começam a acordar. Quando acordam, na melhor das hipóteses, quase metade da viagem já foi percorrida. E aí começa a perguntação: "Falta muito? Eu quero chegar logo na casa do vovô Ivo." A cada 20 minutos, a pergunta se repete, e no começo é prontamente respondida. Lá pelas tantas, enche tanto o saco que ninguém responde mais. Aqui a casa é do vovô Ivo, vocês já perceberam. O primeiro lugar no coração, também é para o vovô Ivo. Eu me alegro muito porque o vovô Ivo ocupa o primeiro lugar. " Ele merece, ele merece, ele merece..." faço coro com a torcida. Quando meus filhos eram crianças, fiz tudo para que a primazia no coraçãozinho deles fosse para o pai. Em primeiro lugar, porque o Ivo é um pai sob excelência. E em segundo lugar, porque eu não fui uma mãe sob excelência. Fui regular. Daquelas que cuidam, mas não lambem. Daquelas que gostam mais de ler do que de contar histórias. Daquelas que não fazem ninho para o coelhinho da Páscoa. E que não sabem fazer uma trança no cabelo... nem colocar lacinho. Daquelas que permitem que as inquietações existenciais roubem o melhor de cada dia. Coisas de temperamento, que, com o tempo, foi-se atenuando. Ou talvez não se tenha atenuado, mas como as demandas maternas ficaram mais diluídas, hoje daria para conciliar tudo numa boa. Mas agora é tarde. Eles já voaram. Por isso, digo que quando aprendi a ser mãe, já tinha idade biológica para ser avó. Danou-se. O jeito é procurar ser uma boa avó, sempre na sombra do Ivo, que continua excelente em sua distribuição de afetos, e funções, como marido, como pai e como avô. Às vezes, a perfeição dos outros é irritante, dessa irritação que surge porque somos confrontados, sem palavras, com as nossas imperfeições. Uma pessoa assim vai deixar um buraco muito fundo, um vazio imenso, quando for morar com Deus. O meu vazio será menor. Pelo menos isso.


Estou numa dúvida: Não sei se faço feijão mexicano para o almoço ( comida de gordo), com carne de porco que o Wanderley ama, ou se faço um frango encapado que forma uma crosta por fora, e depois da primeira mordida, descobre-se um creme delicioso envolvendo a carne por dentro... ( comida de gordo também). Essa última receita, aprendi com o Edu Guedes. Ah que lindo o Edu Guedes, um doce de pessoa. A boba da Eliana perdeu um excelente pai para os filhos dela. E um cozinheiro e tanto. O Ivo só não é cozinheiro, mas é lindo também. Obrigada, meu Deus, pelo Ivo Guedes que o Senhor me deu.


Eu tenho um excelente pai para os meus filhos e um excelente pai para os meus netos. Olha a sensibilidade desse genro. Veja o que ele escreveu no mural de recados do meu orkut: "Estamos chegando. Cheguei agora do Amazonas e amanhã cedinho, antes que rompa a aurora e o orvalho venha a se dissipar tomaremos os rumos do sul." Pode? Não é encantador? Esse meu genro é especial. Quase 11 anos depois, posso dizer, debaixo do sangue do Senhor Jesus, que esse casamento foi uma sinfonia orquestrada pelo próprio Deus. Obrigada meu Deus, pelo filho que o Senhor nos deu.



E agora,feitas as devidas ações de graças e atribuidos os devidos créditos, o trabalho me espera. Dar os retoques finais na casa, comprar flores, fazer a galinha do Edu e o porco do Wanderley. Porque antes que rompa a hora do almoço e a fome venha a se dissipar, o carro vai buzinar!